E sempre achei que não estivesse a pedir nada demais. Sempre
pensei que fosse simples ser feliz, mas os outros sempre fizeram um
bicho-de-sete-cabeças do meu conceito de felicidade. Eu só preciso de compreensão, amizade, amor,
carinho, de coisas simples como um abraço apertado, um bom dia, de atitudes e
palavras certas no momento certo.
Mas ao que
parece, isso é muito difícil para os outros. Gostava que a vida fosse
simplesmente como um culminar de sensações, de boas sensações, que não me
deixassem sentir maus momentos e que fizessem de mim uma pessoa alegre. Sinto
que existo só por existir, que sou apenas mais um no meio de tantos outros, e
que não faço a diferença no mundo de ninguém. A cada dia que passa, é como se
morresse mais um bocadinho, como se vivesse cada vez mais de esperanças, e ao
mesmo tempo essas esperanças fossem desvanecendo a cada dia. Gostava que tudo
fosse diferente, gostava de não ser a pessoa que sou. Tenho a perfeita noção
que sou uma pessoa repleta de defeitos, mas nada posso fazer para os mudar. São
meus, fazem parte do meu eu, embora não seja um eu do qual eu me orgulhe, é o
meu eu, e sem ele, não seria eu.
Queria
alguém que tivesse a capacidade de me prometer um para sempre, mas um para
sempre no qual eu confiasse com a minha própria vida. Sinto-me como que
perdida, na verdade, não existe ninguém no qual eu confie cegamente. Aos poucos
fui perdendo as minhas ultimas esperanças para que eu atingir a felicidade, e a
verdade, é que neste momento, não vejo ponta por onde se lhe pegue. Sinto-me
verdadeiramente solitária, quando na verdade passo a vida rodeada de gente. Mas
a verdade, é que essa é a pior solidão que pode haver, não teres ninguém que te
conheça como a palma da mão, não haver aquela pessoa que sabe o que sentes e
sente também, seja para o bem e para o mal. O pior que pode haver é não teres
uma pessoa com quem possas desabafar todos os tipos de assuntos. A verdade, é
que amigos há muitos, aqueles que brincam contigo, que estão contigo nos bons
momentos, mas quando estás para cair, acabas por cair, porque vês que são
realmente escassos, ou inexistentes aqueles que podes chamar verdadeiramente de
amigos. O mais triste ainda, é sentires-te a explodir por não conseguires
exteriorizar o que sentes, ou por medo, ou por falta de palavras certas. Mas o
pior ainda, é que no dia seguinte tens de levantar, sorrir, caminhar, fazer a
rotina, e dar um “ola” para toda a gente, porque por mais que estejas a sofrer,
o melhor mesmo é dares um sorriso e fazer de conta que está tudo bem, do que
explicares o porquê de não o estares para quem não te conhece verdadeiramente.
O que acaba por acontecer, é que pensas que estás sozinha, até que chega aquela
pessoa que promete nunca te abandonar, e devido ao teu estado de fragilidade,
tu acreditas. E o que acontece, é que esse para sempre dura meia dúzia de dias,
e tu? Tu voltas para o sitio que provavelmente sentes que nunca vais deixar. A
amargura, a solidão.